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Capítulo I - O que vive tem de andar
Importa onde fica este lugar onde eu estou, se nem tão pouco sobra o tempo p'ra saber bem quem sou?
Mas sei que mesmo sem que valha pensar muito a fundo nisso, o que é certo é que estou vivo, que o que vive tem de andar.
Porque a vida não pára, não julga, não trai, nem se apressa nem se atrasa, não responde a ninguém.
E se a dita te espera, e te dita o que quer, e te leva a aceitar…
... vais ser tu que a leva a mal?
Esteja lá onde eu esteja, tendo em conta quem sou,
cá para mim é mais que certo, eu nunca fico onde eu estou.
Mas sei que mesmo sem que valha pensar muito a fundo nisso,
o que é certo é que estou vivo, que o que vive tem de andar.
Porque a vida não espera, não se retrai, não se acalma,
não se enerva, não se nega a ninguém.
E se a mesma te espera, e te exige o que quer, e te obriga a aceitar,
… vais ser tu que o leva a mal?
Mas sei que mesmo sem que valha pensar muito a fundo nisso, o que é certo é que estou vivo.
Mas sei que mesmo sem que valha pensar muito a fundo nisso, o que é certo é que estás vivo.
Mas sei que mesmo sem que valha pensar muito a fundo nisso, o que é certo é que estou vivo.
Mas sei que mesmo sem que valha, não que faça caso disso, o que é certo é que estás vivo.
Mas sei que mesmo sem que valha, não que faça caso disso, o que é certo é que estás vivo.
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Capítulo II - Amanhã vai ser preciso
Sou um corpo, uma vontade, uma certeza viva de que há que deixar feito,
que há que encher o peito, inspirar, transpirar,
fazer tudo o que é preciso, mesmo tudo o que é preciso,
que sem isso, que sem isso o amanhã pode mirrar.
Chegas perto mas no fundo, bem lá no fundo, sabes que pode ser curto,
pode não chegar p´ra dar certo, não chegar p'ra ficar feito,
que o proveito, que o proveito, o proveito pode faltar.
Não há nada a discutir, a definir, a ter de parar para pensar,
para ver melhor, é pior, faz-me parar... eu não sinto que deva parar.
E o tempo que me resta, será que chega? Será que presta?
Será que sobra, se eu parar? Será que sobra se eu deixar de fazer?
E continuar a fazer mais e mais, e tanto mais quanto mais seja preciso.
E ver o mundo a que assisto, e ver o mundo a que assisto ficar,
que o que suo só é parte de tudo o que faz parte de um ter de continuar,
de um ter de prosseguir no construir do que amanhã vai ser preciso.
Porque há coisas que faltam quando se falta ao dever,
quando se deixa passar, se desvia o olhar, e se veja a incerteza neste pão que chega à mesa,
que este pão que chega à mesa já não é farto, já não chega,
já não é forte quanto baste que te afaste a vontade de comer.
Não há nada a discutir, a definir, a ter de parar para pensar,
para ver melhor, é pior, faz-me parar. Eu não sinto que possa parar.
E o tempo que me resta, será que chega, será que presta, será que sobra se eu parar?
Será que sobra se eu deixar de fazer?
Não há nada a discutir, a definir, a ter de parar para pensar,
para ver melhor, é pior, faz-me parar. Eu não sinto que possa parar.
E o tempo que me resta, será que chega, será que presta, será que sobra se eu parar?
Será que sobra se eu deixar de fazer?
Não é forte quanto baste que te afaste de viver.
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Capítulo III - O desapego da liberdade
Vê. Ele há momentos em que queres dar.
Resta saber se o teu querer quer só fazer o bem.
Resta saber se o teu querer não quer para si também?
Sabes, há desapego na liberdade.
Não é mais leve o caminho para quem dá do que faz?
Não é mais certo o caminho se o que tens ficar p'ra trás?
Quanto mais tu te agarras ao que sabes, mais tu te agarras ao que tens.
Será que a perda ou ganho importa, nesse viver do que aí vem?
Quem és? De onde vens? No fundo pouco importa... Se a pergunta estiver posta, tudo bem.
Quem és? Para onde vais? No fundo não importa... Se a pergunta estiver certa, chegas bem.
Quem és? És o que tens? É certo que isso importa e se a pergunta for bem feita ficas bem,
ganhas rumo, ficas livre, és maior.
Quando sentes que és dono da verdade, és tu capaz de entender que, p'ra quem segue outra visão, há nesse certo, só teu, todo um fundo de ilusão?
Sê p'ra além da pele em que te mostras, p'ra além do papel que mantém esse ser a ser só tanto quanto és. Não vês que a veste, essa pele, é tão só parte do que és?
Quanto mais tu te agarras ao que sabes mais tu te agarras ao que tens.
Será que a perda ou ganho importa, nesse viver do que aí vem?
Quem és? De onde vens? No fundo pouco importa... Se a pergunta estiver posta, tudo bem!
Quem és? Para onde vais? No fundo não importa... Se a pergunta estiver certa, chegas bem!
Quem és? És o que tens? É certo que isso importa e se a pergunta for bem feita ficas bem,
ganhas rumo, ficas livre, és maior.
Quem és? De onde vens? No fundo pouco importa... Se a pergunta estiver posta, tudo bem!
Quem és? Para onde vais? No fundo não importa... Se a pergunta estiver certa, chegas bem!
Quem és? És o que tens? É certo que isso importa e se a pergunta for bem feita, ficas bem,
ganhas rumo, ficas livre, és maior.
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Capítulo IV - Raízes à espreita
Escondo-me à espreita neste meu mundo a brincar.
Um mundo inteiro por abrir, vem jogar ao aprender.
Se me vejo à espreita, chega o tempo de avançar.
Sinto a força a crescer, tenho a raiva, tenho ganas de alcançar, sangue para vencer.
Raízes à espreita, guardadas num corpo só.
Deito-me à espreita num momento p'ra pensar.
Há uma herança a manter, a legar, a descobrir.
Se a vida me aceita, dou-lhe em dobro, se aceitar.
Tenho a força de um dever, grito em crença, pago em alma para dar calma para viver.
Raízes à espreita, torcidas num corpo, em nó.
Corpo esse marcado que revela um passado, passado p'ra quem tu és.
Raízes à espreita que aguardam num corpo, em pó.
Raízes à espreita, torcidas num corpo, em nó.
Corpo esse marcado que revela um passado, passado p'ra quem tu és.
Raízes à espreita, guardadas num corpo só.
Sento-me à espreita, ainda tudo por contar,
e eu sou tanto por dizer, sem guardar rancor.
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Capítulo V - Marca d´alma
Bom dia mundo ...hoje vou criar,
deixar marca em ferro, em fogo, forjar algo mais.
Sabe tão bem tirar ao tempo o tempo certo p'ra pensar,
forjar algo que do ferro ao fogo seja mais e mais, ser melhor.
Vai, vem, queima de novo.
Vem, vá, sangra sem morrer.
Vem, vem, está quase, está perto.
Vai, vai, vai, vai, vai, vai.
Entranha-se o querer, entranha o meu querer.
É uma afirmação em vida marcada em água, em fogo, em ar. Forja uma lição de vida... o ser capaz.
De volta ao mundo há que sorrir e ser capaz, deixar marca,
ser mais certo, querer mais longe e ter prazer… sabe tão bem.
É a velha estória da vontade de quem quer contar algo,
de quem sabe que a si cabe ser assim, ser maior.
Vai, vem, queima de novo. (... Ser maior)
Vem, vá, sangra sem morrer. (... Tão maior)
Vem, vem, está quase, está perto.
Vai, vai, vai, vai, vai, vai.
Entranha-se o querer, entranha o meu querer.
É uma afirmação em vida marcada em água, em fogo, em ar.
Forja uma lição de vida... o ser capaz.
Marca uma lição na vida, forja em água, em fogo, em ar.
É uma afirmação em vida, marcada em alma, fechada em corpo, sem nunca estar só.
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Capítulo VI - Tudo tem o seu lugar
Acerta o passo do pé que falta, Ai... da mão que falha e a voz que é rouca vai-se ouvir gritar.
Vai-se ouvir longe, dito por quem? Ai… P'la pele que enruga, que traz com ela um saber fazer bem.
Ao dar o peito no que já existe, Ai… o que está feito, vês que cresce, está a ficar maior?
Faz-te ouvir alto, faz-te ouvir mais, Ai… que nesta vida, é certo, tudo tem o seu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te.
Faz-te ouvir mais, faz-te, faz-te a esta vida, é certo em tudo tens o teu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir bem, faz-te, faz-te.
Arruma o espaço que lhe sinto a falta , Ai... a mão que treme e o mais que falha não me vão deixar
ficar a meio, ficar aquém, Ai… que a pele que enruga traz com ela quem sabe e faz bem.
Ajuda ao traço em cada vida à volta, e tudo o que está feito, posto a jeito, vai ficar melhor.
Faz-te ouvir alto, faz-te ouvir mais, Ai... que nesta vida, é certo, tudo tem o seu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir mais, faz-te,
faz-te a esta vida, é certo em tudo tens o teu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir bem, faz-te, faz-te.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir mais, faz-te,
faz-te a esta vida, é certo em tudo tens o teu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir bem, faz-te, faz-te.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir mais, faz-te,
faz-te a esta vida, é certo em tudo tens o teu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir bem, faz-te, faz-te
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir mais, faz-te, faz-te a esta vida, é certo em tudo tens o teu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir bem, faz-te, faz-te
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir mais, faz-te, faz-te a esta vida, é certo em tudo tens o teu lugar.
Faz-te ouvir alto, faz-te, faz-te ouvir bem, faz-te, faz-te
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Capítulo VII - Lá entre o certo e o errado
Quais...
Quaisquer das nossas vidas, após bem medidas,
são iguais no final, não são bem nem são mal,
... faz parte.
Sabes...
Lá entre o certo e o errado, há todo um mato cerrado
que pede esforço a desbravar, que põe à prova o que é crescer,
que pesa a todos conseguir
pôr à mostra.
Cabe a todos fazer mais, pôr à mostra.
É que esse tanto a cada qual, essa amostra, é o que permite fazer mais,
ter a força para crescer, ir mais alto e conseguir, pôr à mostra um Ser maior,
… deixar obra.
Qual...
seja lá qual fôr o teu caminho, porquê fazê-lo sozinho
se o que fica é para quem vem, para que cresça a saber mais?
... faz parte.
Sabes...
Lá entre o certo e o errado, há todo um mato cerrado que pede esforço a desbravar,
que põe à prova o que é crescer, que pesa a todos conseguir
pôr à mostra.
Cabe a todos fazer mais... pôr à mostra!
É que esse tanto a cada qual, essa amostra, é o que permite fazer mais,
ter a força para crescer, ir mais alto e conseguir pôr à mostra um Ser maior,
… deixar obra.
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Capítulo VIII - Quando um corpo e prisão
Ei... mostra-me quem és. Habitas em mim?
Então o que me pedes? Então o que me queres?
Porque não sais? Mostra o porquê das coisas... tens a minha atenção.
Então o que me pedes?
Porque raio não queres? … não páras de andar à roda?
… Num repente, se páras, num rasgo vês.
Ei... Tudo aquilo que és, tudo tem um fim.
É o porquê das coisas. Rasga as pequenas coisas.
Porque não vais? Troca um trago de tempo de um corpo que é prisão.
Então o que me pedes? Então o que me pedes?
É só isso que queres? Como raio não cais? Não páras de andar à roda?
É tão pouco o que pedes. É só isso que queres, ter a minha atenção?
É só isso que queres? É só isso que queres? Como raio não cais?
Não paras de andar à roda?
É tão pouco o que pedes, é tão pouco o que pedes, é só isso que queres?
Não paras de andar à roda.
É tão pouco o que pedes, é só isso que queres?
Ter a minha atenção?
Toda a minha atenção?
Um trago de atenção?
Rasga a tua prisão!
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Capítulo IX - Há que arrancar os pés do chão
Grito... há um grito que atravessa, que me acorda da indiferença, que me arrasta pelo chão
... sou arrancado.
Sigo... sigo a voz dessa descrença, que me desmonta peça a peça, que me arranca os pés do chão
... sou arrastado por ti, p´ra ti ... por ti, sou arrastado
Sinto... sinto o som do teu silêncio, dessa ausência que te abraça, que te prende os pés ao chão
... sou abraçado.
E eis que, já chegado ao teu abrigo, todo esse turvo, após ser limpo,
vai descobrir o querer viver, deixar-te ver o que não vês, trazer de volta quem tu és.
Trazer de volta quem tu és. Vai descobrir o querer viver,
deixar-te ver o que não vês, trazer de volta quem tu és.
Sou arrastado por ti, p´ra ti ... por ti, sou abraçado.
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Capítulo X - Chega À Frente, Vai e Faz!
Se a vida te ensaia, que importa a razão?
Que importa essa corda que te marca?... que essa marca que te acorda tenha dor?
... que essa dor, afinal, seja do esforço que há que ser feito, que é preciso alguém fazer,
que é preciso que se faça, que é de alguém que chega á frente, vai e faz.
Se a vida te empurra, porquê dizer não?
É que, na vida, o que se sabe é que o que dura vem dessa corda que te cunha o teu papel.
Esse teu custo que, afinal, é o que paga todo o fruto que sustenta esse querer mais,
... que é preciso que se diga que é de alguém que chega á frente,vai e faz.
Há sempre alguém que paga, paga, paga… mas é preciso,
é preciso alguém fazer, é preciso alguém que faça…
é só preciso alguém que faça... é tão preciso alguém que faça.
Esse teu custo que, afinal, é o que paga todo o fruto que sustenta esse querer mais.
… que é preciso que se diga, é preciso alguém que faça.
Há sempre alguém, alguém que paga todo o fruto que sustenta esse querer mais.
… que é preciso que se diga que é de alguém que chega á frente,vai e faz.
Há sempre alguém que paga, paga, paga… mas é preciso,
é preciso alguém fazer, é preciso alguém que faça...
é só preciso alguém que faça… é tão preciso alguém que faça.
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Capítulo XI - Há Vida nas Cartas
Ao subir do pano falta-me o ar.
O aperto no peito, tão ao meu jeito, a fazer lembrar
os tempos de orgulho, de trabalho duro, de culto, de palmas no ar.
E falta-te o ar, e custa-te a crer, está a começar, está a acontecer.
Vem escolher das cartas a que diz quem és.
Faz a escolha certa, mostra-me quem tu vês.
No passar dos anos, nem sei contar...
As vozes, o espanto, o espaço, o encanto a vir dar lugar
a uma sala vazia, esquecida e fria, que grita, que chora por mais.
E falta-te o ar, custa-te a crer, está a começar, está a acontecer.
Vem escolher das cartas a que diz quem és.
Faz a escolha certa, mostra-me quem tu vês.
Há vida nas cartas, há um amanhã, há partes de um tudo que enfrentas de pé.
São partes que um homem insiste em escrever... são cartas do jogo.
Há vida nas cartas, há um amanhã, bocados de um tudo que guardas por fé.
Na vida das cartas há um amanhã, partes que tu enfrentas.
Há partes que um Homem insiste em escrever.
São cartas do jogo do que um Homem é.
É o tentar de novo
Há partes que um Homem insiste em escrever.
São cartas do jogo do que um Homem é.
É o tentar de novo
… as cartas, o jogo...
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Capítulo XII - E o tudo é sempre mais que o tanto
Não se estranha o que já tem um destino, em si, guardado...
tenho-o aqui, em mim marcado, fechado.
Desde o foi ao que hoje é, desde o é ao que Há de ir,
do que foi ao que há de vir a renascer de novo em seiva, em sangue, enfim.
Do berço à lida, à pedra, a mim, a vida é ávida por mais,
por mais que o mais leve ao morrer.
Eis a história de ser alguém em final de uma jornada,
tendo a última palavra que lava tudo o que hoje ainda é e que vai deixar de ser,
vai voltar a ser ninguém, vai voltar a renascer da roda à escrita, à guerra, ao fim.
Da pedra ao ferro, ao fogo, a mim, a gente é ávida por mais, e o mais que é mais leva ao crescer.
Desde o Foi ao que hoje é, desde o É ao que Há de ir, do que foi, do construir ao destruir, só por querer tanto.
Tudo o que hoje ainda é e que vai deixar de ser, vai voltar a renascer, a ser alguém, só por enquanto?
Da pedra ao fogo, ao ferro, ao fim, a vida leva a querer ser mais,
a vida obriga a querer ter tudo e o tudo é sempre mais que o tanto
É que o demais leva ao morrer.
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